Talvez o melhor seja aceitar. Aceitar mais do que esquecer,
do que passar por cima, aceitar é simplesmente saber conviver. Talvez se
aceitarmos algumas coisas ao invés de tentar mudá-las a todo custo, lá na
frente será mais fácil lidar com aquilo que tanto lhe incomoda. É como se eu
precisasse me desligar do problema mais do que tentar vencer ele a todo custo.
Essa noite sonhei que era assaltada, me pediam meus anéis.
Estava com vários nos dedos, inclusive com minha aliança do último
relacionamento. Implorei que o ladrão levasse os anéis, mas deixasse a aliança
comigo, pois era muito importante pra mim o simbolismo que aquele anel me trazia.
É mais fácil eu aceitar que ele foi durante muito tempo a
pessoa que me mantinha nos eixos, que me deixava alegre quando eu tava triste,
que me ajudava quando eu precisava, que cuidava de mim quando eu adoecia e que
se entregava aos meus cuidados sempre que adoecia, que tinha fome, que estava
chateado ou com suas ideias mirabolantes. Isso não some da memória. E mais,
isso reaparece a cada lágrima que cai de meus olhos e a cada vitória que conquisto.
Eu fiz dele parte de mim, mas essa parte escolheu ir embora.
Hoje eu cometo erros por não querer ter esse buraco no meu
peito. Me enrolo com a sensação de que é possível rapidamente dar um jeito
nisto a todo custo. Não é. Não foi algo pequeno que eu busque algo maior para
sufocar um sentimento. Não é possível.
Se eu aceito o fato de que tudo isso que eu tinha foi bom,
mas acabou, será melhor do que tentar suprimir todo um sentimento antigo com
novas aventuras.